7 de março de 2007

Já entrando nos climas teatrais

Antes de começar o nosso querido e tão esperado Festival de Teatro, e contagiada por esta animação cultural que sempre antecede o evento – muitas vezes até maior do que as peças em si, que acabam não fazendo jus a tamanha ansiedade pessoal – antecipei-me um pouco e fui assistir uma peça que, pelo que me lembro, já tinha feito parte da programação do ano passado, e que eu não sei bem porquê não pude assistir, e que este ano está na programação novamente.

Aperitivos, o nome.

Aperitivos, do autor Mark Harvey Levine, reúne seis peças curtas sobre situações triviais e incomuns do cotidiano. Beirando o absurdo e com uma boa dose de humor, os quadros têm de dez a quinze minutos e apresentam situações como a de duas pessoas deslocadas em uma festa, de um casal que encontra um roteiro do dia ao lado da cama e de um paranormal com problemas amorosos.

Talvez o que tenha me atraído foi o fato da dinâmica toda da coisa, seis quadros, seis histórias, todas de dez a quinze minutos. Ou seja, quase impossível de ser tedioso. Porque nessas coisas teatrais há sempre o 'quase' a ser considerado, conhecimento este que se adquire somente com certa(s) experiência(s) nem sempre muito boas na coisa. Dessa vez acertei em cheio, graças.

Sem contar que em algum lugar da nossa imprensa virtual paranaense, eu li que o próprio diretor já ressaltava que as histórias tinham todas começo, meio e fim, o que muito muito muito me apraz. Nem sei dizer o quanto, mas muito mesmo. Chego a me emocionar com coisas iniciadas e acabadas assim, tão visivelmente. Ainda mais nestas épocas de produções teatrais incontáveis, todas (digo as do Fringe, ao menos) sem passar pelas devidas avaliações prévias, feitas a torto e a direito, muitas vezes com uma pressa do cão, por pessoas que nem sempre honram com o mínimo esperado, mas. Não foi este o caso, definitivamente.

O problema maior é falar sobre sem entregar o ouro totalmente, já que ninguém aqui assistiu ainda e eu recomendo mucho mesmo. Tentemos.


Seis historinhas, todas muito movimentadas, dialogadas e perfeitamente inteligíveis por todos. Devo dizer que, quando iniciada a coisa, eu mesma achei que não gostaria muito. Não sei se pela ferrugem toda nas falas e nos gestos teatrais exagerados ou por causa de uma mulher em particular, que sentava algumas fileiras na nossa frente, que ria descompensadamente ao menor esboço na menor piadinha muito singela e despretensiosa. O que foi deixando tudo deveras sem graça. Ah sim, é comédia.

Mas, nos acostumamos logo com o ambiente e as pessoas e o resto foi só alegria alegria. Quatro atores, se revezando muito bem entre os quadros, com cenários mínimos, mas sempre suficientes.

Tiradas muito boas, umas inteligentes, outras hilárias e outras as duas ao mesmo tempo. As historinhas eram, não necessariamente nesta ordem, O Aluguel, Tons, Superhero, Surpresa, Roteirizado e Aperitivos. Todas desenvolvendo as relações inter-pessoais por esta vida afora, todas tão férteis. Entre marido e mulher, vizinhos, namorados, e assim por diante.


Que realmente, vá ter material mais rico que as relações entre estas pessoas tão diversas e peculiares que nos cercam, né mesmo?

E vejam que o nome não poderia ser melhor para uma peça pré-festival. As coincidências da vida, como diria Merilú.

Percebam que foi tudo muito vago, para não estragar a surpresa, então vão lá sim, que é certo. Leve, bem feito e muito divertido.

4 comentários:

Anônimo disse...

mas já está no teatro da caixa?

CAROLINA disse...

Amigo Anônimo, pois veja que me esqueci deste pequeno detalhe. Não está ainda no Teatro da Caixa, está no José Maria Santos, na Treze de Maio.

Daí, de acordo com a programação aqui, tem apresentações lá nos dias: de 08 a 11 e de 15 a 18, tudo em março. Ah sim, daí é sempre às 21:00, só nos domingos é que é às 19:00.

E olhe que eu nem ganho nada com isso, visse. Vai lá que é bom.

Lilian Frabetti disse...

Ahhh será que terei a oportunidade de ver essa peça aqui no interior...
Hj msm vou conferir os monólogos da vagina, tem vindo peças mto boas pra cá, adoraria ver essa peça tbem, quem sabe neh!!!
Bjus.

CAROLINA disse...

Lilian, minha filha. Bem vinda, sabe, e muito agradecida pelo link! Aliás, cá fiquei com uma vontade de comer nhoque que nem te conto.

Não sei se essa peça vai pra outros estados, mas em todos os causos, se por acaso aparecer por aí, já sabes que vale à pena, né mesmo?