25 de junho de 2007

Deixemos as mulheres apenas bonitas para os homens sem imaginação.

Marcel Proust

22 de junho de 2007

O abandono do blog querido.

É que a coisa tá preta, minha gente. Preta mêischmo. A tendinite no pulso já denunciava o stress percorrendo o corpo da pessoa, além da mente que já não descansa, né, não tem jeito. Agora os efeitos do esgotamento estão se generalizando, ao ponto da pessoa só estar no aguardo de pifar, mas pifar assim miseravelmente, numa coisa muito óbvia e básica do desenvolvimento das atividades profissionais.

E a academia, meu deus!!!

E os exercícios físicos, sem os quais a pessoa não conseguia viver sem por muito tempo?

O horror do sedentarismo, a ausência de vontade para toda e qualquer atividade saudável e geradora de energia.

Vejam, reparem só, o início, o prenúncio do que está por vir:

Fernanda diz:
bonjour mary
Fernanda diz:
viu o email daquele cretino?
Mariana diz:
oi fer
Mariana diz:
acabei de ler
Mariana diz:
tô bufando
Fernanda diz:
é uma piada né
Mariana diz:
vou responder o email desse pulha


(...)

Mariana diz:
fer, acabei de mandar email pra ele
Mariana diz:
já chegou aí pra vc?
Fernanda diz:
chegou
Fernanda diz:
ótimo mari
Fernanda diz:
apesar de q eu acho q não vai surtir efeito nenhum
Mariana diz:
sim,
Fernanda diz:
esse idiota vai continuar tirando o corpo fora
Mariana diz:
mas que falta de tudo viu
Fernanda diz:
e mandando a gente se virar
Mariana diz:
mas vê se tem cabimento a gente simplesmente se atravessar
Mariana diz:
o professor não sabe nem de que buraco a gente saiu

Fernanda diz:
sim, bem isso
Fernanda diz:
qdo eu acho q eles já fizeram de tudo
Fernanda diz:
me vem esse pateta lavando as mãos
Mariana diz:
fer, eu tô escrevendo um email aqui pro blublublu
Mariana diz:
queimando um pouco a minha cara
Mariana diz:
um pouco mais, melhor dizendo
Fernanda diz:
aproveita pra queimar a cara da bliblibli
Fernanda diz:
diz q pedimos pro xxxx q intermediasse o contado
Fernanda diz:
mas q não obtivemos qualquer resposta
Fernanda diz:
e q estamos abandonadas a propria sorte

(...)

Mariana diz:
viu a resposta do cara?
Mariana diz:
conseguiu falar e não dizer nada
Mariana diz:
perguntei objetivamente como devemos proceder
Mariana diz:
vc entendeu o que é pra gente fazer agora?
Fernanda diz:
eu acho q ele só deve ter encaminhado o nosso email pro cara agora
Fernanda diz:
e mandou a gente se virar
Fernanda diz:
simples assim
Fernanda diz:
note q ele nunca está errado e sempre faz o q tem q ser feito
Mariana diz:
síndrome de bom moço


(...)

Mariana diz:
viu essa?
Mariana diz:
mandou agora o email pro blublublu
Mariana diz:
te contar viu
Fernanda diz:
eu disse, só depois da tua cutucada é q ele se coçou
Fernanda diz:
ahhhhhhhhhhh
Fernanda diz:
q vontade de avançar nesse mané
Mariana diz:
ave
Mariana diz:
viu isso?
Mariana diz:
agora ele desatou a escrever pros professores
Fernanda diz:
pois é



(...)

(...)

Mariana diz:
fer
Mariana diz:
fer fer fer
Mariana diz:
meu deus
Mariana diz:
diga que eu não fiz isso
Mariana diz:
diga que eu não fis
Mariana diz:
fizzzzzzzzz
Mariana diz:
isso é hora pra erros de portugues
Fernanda diz:
hã?
Fernanda diz:
do q vc tá falando?
Mariana diz:
fer de deus
Mariana diz:
eu respondi o teu email para o xxxxx menina
Mariana diz:
aquele em que vc disse que ele não teve a decência de enviar o email pro professor
Fernanda diz:
como assim?
Mariana diz:
eu não acredito
Mariana diz:
eu preciso de férias realmente
Fernanda diz:
meu deeeeeeeeeeeuuuuuussssssss
Fernanda diz:
eu te mato
Mariana diz:
olha o que eu tô fazendo
Fernanda diz:
orra, orra, orra
Mariana diz:
duas vezes ainda
Mariana diz:
não fer
Mariana diz:
mil perdões
Mariana diz:
eu quero morrer
Fernanda diz:
eu tacando a boca no cara
Mariana diz:
jesus maria josé
Mariana diz:
me desculpe
Fernanda diz:
bom, eu falei a verdade né
Fernanda diz:
ele não tinha passado email nenhum até então
Mariana diz:
sim
Mariana diz:
brincadeira isso
Mariana diz:
eu sou um perigo
Fernanda diz:
é mesmo!
Mariana diz:
eu represento perigo para os demais seres humanos
Mariana diz:
eu tenho que tirar uma licença
Mariana diz:
licença saúde
Mariana diz:
não, ...ele vai achar que eu realmente quis passar o email com o teu comentário porque foram duas vezes
Fernanda diz:
duas???????????
Fernanda diz:
ai deuso
Fernanda diz:
ai deuso
Fernanda diz:
mariana do céu
Fernanda diz:
tu me mata
Mariana diz:
eu preciso ser afastada, tô falando
Mariana diz:
eu mandei um último email agradecendo a atenção, depois que ele mandou a enxurrada de emails dele
Mariana diz:
bom, ao menos, (eu sei que não melhora muito), mas ao menos, os últimos emails foram educados
Mariana diz:
eu vou me desculpar até o fim da minha vida, viu fer
Mariana diz:
e vou ajoelhar no milho hoje
Fernanda diz:
hahahahahahaha
Fernanda diz:
eu até fui polida com ele
Fernanda diz:
pelo menos não chamei de pateta
Mariana diz:
sim, graças
Mariana diz:
graças ao bom Deus
Mariana diz:
e do jeito que ele é confuso, não vai saber quem escreveu pra quem
Mariana diz:
pode ter sido eu mesma

11 de junho de 2007

Dois ou três almoços, uns silêncios.
Fragmentos disso que chamamos de "minha vida".

Caio Fernando Abreu

Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro. Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos. Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas. Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece. De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia. Era isso - aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria. Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome.

8 de junho de 2007

"O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança."

Do Gabriel, o Garcia Márquez, em "Memórias de minhas putas tristes".

6 de junho de 2007

Diálogo construtivo...

Rafael diz:
e ae
Rafael diz:
vamos?
Mariana diz:
vamos
Mariana diz:
depois de mais de uma semana
Rafael diz:
deixei de ir no meu pai pra falar com vcs
Mariana diz:
muito bem!
Rafael diz:
pq estou com muita, mas muita saudades mesmo
Mariana diz:
5 estrelinhas para ti
Mariana diz:
hahahahahahahaha
Mariana diz:
siiim, mas faz mais de uma semaaana menino
Mariana diz:
trouxe teu cachecol todos os dias
Mariana diz:
e não pude entregar
Rafael diz:
hahahahah
Rafael diz:
eu pensei que nunca mais veria esse cachecol
Rafael diz:
ja tava dando ele como extraviado
Mariana diz:
nossa
Rafael diz:
hahahahaha
Mariana diz:
estando comigo jamais dê nada por perdido, mon ami
Rafael diz:
ainda bem, ainda bem
Mariana diz:
eu cuido muito bem do que não é meu e devolvo nas mesmas condições
Mariana diz:
don't worry!
Mariana diz:
be happy!
Mariana diz:
:D
Rafael diz:
I believe in you
Rafael diz:
e o feriadovisk?
Mariana diz:
trabalharei, naturalmente
Mariana diz:
e amanhã quero dormir 24 horas seguidas
Mariana diz:
e quero fazer compras no sábado
Mariana diz:
e quero férias de 30 dias agora mesmo
Rafael diz:
nossa
Rafael diz:
eu pensei em sair hj
Rafael diz:
tomar todas
Rafael diz:
amanhã, tomar todas
Rafael diz:
sexta, trabalharei tb
Rafael diz:
mas quero ver se vou no mercado municipal comprar uns vinhotes
Rafael diz:
sexta a noite, beber todas
Rafael diz:
e pegar umas muiés
Rafael diz:
sabado, idem
Mariana diz:
hahahahahahahaha
Rafael diz:
hahahahahah
Mariana diz:
uau hein
Mariana diz:
que super programação
Mariana diz:
e eu, na minha infinita ingenuidade, só queria dormir e fazer compras
Rafael diz:
pois é
Rafael diz:
mari, estou apaixonado
Mariana diz:
enquanto podia estar aí bebendo todas e pegando uns hômi
Mariana diz:
ai
Rafael diz:
essa miss brasil que ficou em vice no miss universo é demais
Mariana diz:
hahahahahahaha
Mariana diz:
é mesmo
Rafael diz:
to vendo umas fotos dela no jornal agora
Mariana diz:
excrusive, comprado aquele concursinho de meia tigela hein
Rafael diz:
diz que os seios dela sao naturais
Mariana diz:
nem a japa acreditou que ela tinha ganhado da brasileira
Rafael diz:
nao, as fotos da japa aqui mostam o como ela é feia
Rafael diz:
ela era a pior de todas
Rafael diz:
até a coreana era mais gata que ela
Mariana diz:
é, mas decerto que eles viram a beleza interioRR
Mariana diz:
e a inteligência dela
Mariana diz:
donald trump considera essas coisas tbém, ouvi falar
Rafael diz:
pelo amor de deus
Rafael diz:
miss= beleza
Rafael diz:
missa (não necessariamente) = inteligencia
Mariana diz:
pois é
Mariana diz:

faz sentido mesmo

Fátima Guedes, fofurinha


A última vez que ela veio para cá, salvo engano, foi em 2002. Show no Paiol com Zé Luiz Mazzioti.

Foi a primeira e única vez que eu fui a um show sozinha e tive uma experiência muito feliz. Obviamente que o tipo de show e o tipo de teatro ajudaram em tudo, já que a atmosfera era naturalmente introspectiva e intimista.

Lembro que na minha cadeira e nas cadeiras em volta estavam umas meninas que não haviam conseguido lugar juntas e eu disse que elas podiam ficar com a minha cadeira, sem problema, que eu trocava de lugar, ao que elas me perguntaram muito solidárias: mas vc tá soziiinhaa??

No fim, foi melhor trocar de lugar, porque aí fiquei no espaço mais alto e mais escuro do Paiol, o que (quero crer) evitou um pouco do vexame, pois eu chorava soluçado durante todo o show.

Aliás, 2002 foi o ano dos shows emocionantes e de chorar soluçado. E 2007 tem sido o ano do retorno destes artistas, com shows que infelizmente não puderam superar o impacto que os anteriores tiveram para mim. Mas é que né, ...nem poderiam.

A intensidade das coisas vividas pela primeira vez é particular e única, apenas para dizer o óbvio ululante. O tempo depois se encarrega de acrescentar a dose de nostalgia e temos cá mais um momento em nossas vidas idealizado pela saudade. Pela saudade e pela inocência. De alguma coisa tinham que servir as primeiras experiências e a inocência, afinal.

Mãs o show deste fim de semana, mais uma vez, foi emocionante, com composições do Tom de antes da bossa nova, todas músicas desconhecidas do grande público, portanto. Meus irmãos fariam um à parte aqui para dizer que sou esquisita, já que não gosto de nada do que todo mundo gosta. “Porque todo o mundo gosta” e “ninguém nunca ouviu falar dessas coisas que vc gosta”. São as frases-mãe de todo o diálogo que travo com eles sobre gostos pessoais. Eles odeiam todos os meus cds e os livros e tudo o mais do que eu goste. Diria que é um indício do meu bom gosto isso. Onde já se viu “maioria” ser pressuposto de qualidade. A maioria escolheu o Lula, não esqueçamos - só para usar o exemplo mais chocante.

Mas tá, depois do show, imbuídas de enorme boa-vontade e abertura para o mundo, fomos eu e Ferdi Maria encarar uma boate alternativa, com gente esquisita. Aí percebo que sou convencional por demais, assim, externamente, e não orno em lugares com gente esquisita, embora o lugar, a decoração, a música e mesmo o figurino do pessoal me agrade muitíssimo. Ó, o conflito lá, arrojo versus blábláblá, sempre companheiro.

É que não resisto. Pra ter uma idéia, tem até uma passagem secreta no banheiro masculino - que é uma atração por si só, já que o vaso fica um degrau acima, tipo altar, e o teto rente à cabeça, a la o meio-andar de Charlie Kaufman. Dayana Kelly mostra pra vcs - a passagem secreta, bem entendido, que fotografar o vaso não passou pela nossa cabeça na hora:


E eis o outro lado:


Que era o bar detrás, onde havia um caminho de pedras, uma bananeira de canto cheia de luzinhas e Sin City refletido no paredão.

Só aligriiia.