31 de maio de 2008

A tal da dança com facas:

29 de maio de 2008

De Gramado, Canela e Adjacências,
desta vez, por Mariana


Excursão.

Aquela coisa.

Fiquei um pouco atordoada quando percebi que a guia passaria os 4 dias seguintes, no decorrer de todos os passeios, falando e falando e falando nos nossos ouvidos. E falando no gerúndio, o que é bastante pior. Este o primeiro fenômeno peculiar da viagem: a guia somente falava no gerúndio quando fazia as explanações; nas conversas descomprometidas ela ressuscitava o bom português e falava certinho.

Aí que o grande barato da viagem foi mesmo o grupo da excursão.

Tinha de um tudo, minha gente.

Nós, as únicas xóvens solteiras, além de um outro xóvem solteiro que acompanhava o casal de velhinhos senhores seus pais, a fim de evitar que o casal se matasse; vários casais de meia-idade, alguns casais xóvens, dentre eles um em lua-de-mel e outro cujo marido era a cara do Zed do Loucademia de Polícia; uma mãe e uma filha e uma solteira de meia-idade psicanalisada (palavras dela mesma). E um metrossexual de meia-idade cantor da velha guarda.

Inevitáveis foram os acessos de riso, portanto. E os cochichos seguidos de risadinhas presas, o que gerava, Kerol sabe, aquela explosão mais ruidosa que a gargalhada propriamente. Isso tudo grande parte das vezes enquanto a guia explanava, mas todos os santos são testemunhas de que era para desviar a atenção do gerundismo todo que doía no ouvido.

Eu tenho 8 anos.

Mãs, ...não sem motivo: todos os restaurantes que íamos em que eventualmente houvesse música ao vivo, o nosso amigo cantante levantava a hipótese de dar uma palhinha até que no meio do repertório ora de canções italianas ora de música gaudéria, ele subia ao palco pra cantar “Ronda” ou “Chega de saudade”, em interpretações altamente teatrais absolutamente apaixonado por si mesmo que era. Quando desceu do palco e eu, naturalmente, cumprimentei-o-o pela apresentação, ele ficou muito admirado de eu conhecer “Ronda” (sabe cumé, sô xóvem) e mais admirado ainda de eu conhecer “Negue”. Neste mesmo embalo, disse, com toda a ausência de modéstia que lhe era peculiar, que o “Negue” dele não deixava nada a dever ao “Negue” de Maria Bethânia.

Enquanto isso, estreitávamos a relação com a nossa amiga psicanalisada que nos explicava que na nossa sociedade as mulheres ainda buscam um homem provedor e de que ela, ao contrário, não queria um homem para troféu. E que é no silêncio que escutamos a nossa alma, além de que a guia não entendia nada sobre a relação capital-trabalho, momento em que descobrimos que ela era, além de psicanalisada, socióloga, claro.

E a moça em lua-de-mel visivelmente acima do peso que nos contou quase em segredo,...como se não pudéssemos perceber..., que é gordinha, mas que o recém-marido só foi descobrir isso agora, depois do casamento, quando ela resolveu abandonar as 3 cintas que usava pra sair com ele.

E a “Garfo & Bombacha”, um show de churrascaria, onde se come e se assiste ao show em que os gaúchos provam que são realmente machos, numa dança com facões deveras impressionante.

Tiveram também os passeios.

Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Gramado, Canela e Nova Petrópolis, o tour do vinho e dos chocolates e dos couros, da comilança desgovernada e das coisas carérrimas.

Os carros páram pra não atrapalhar a sua foto.

O teleférico do Parque do Caracol e a escadaria que leva lááá embaixo da Cascata do Caracol, lindíssima, foram os meus preferidos, eu que vivo este momento lindo de integração com a natureza.


Numa definição sucinta, Gramado é européia até dizer chega, com direito a descendentes nórdicos lindíssimos desfilando pelas ruas.

Enfim, recomêindo.

Era um dia em que eu intencionava fortemente passar todo ele de mau humor.

Que era segunda, a tal da angústia matinal do doido, a força descomunal pra sair da cama, o atraso, os 40 minutos não planejados esperando o ônibus...

Ensaiando quadras antes a minha melhor cara para o início triunfal do dia de trabalho, eis que na chegada da portaria do prédio, o porteiro - aquele que já não disfarça os olhares 43 para o meu lado - pergunta-me, logo depois do bom dia, se sou romântica e se gosto de poesia e me entrega um papel que seria um texto escrito por ele mesmo, já que ele está a escrever um livro, e sabe que existem erros na escrita, mas mesmo assim gostaria que eu o lesse:


Fecham as portas do elevador, eu com o texto na mão, tendo que manter ainda 'a melhor cara' pra não ser delatada pela câmera do elevador cujas imagens são vistas em tempo real por quem, por quem?

Alguns dias depois, ele me diz que escreveu outro texto, desta vez sobre a “saudade”.

* Transcrevo, já que os html's não me axudam:

Só para Refletir.
A Felicidade
A Felicidade Para Algumas pessoas Pode Até Demorar E, As Pessoas Que Nós.....Amamos Nos Magoa E....Nada Podemos Fazer Se Não Continuarmos a Nossa Longa Caminhada Do Nosso Dia a Dia , E Claro!!! Com o Nosso Coração Machucado.
Sabe, Muitas Vezes Falta Também Amor, Esperança, Compreensão De ambas Partes.
Sabemos Que o Amor-Nos Machuca Profundamente E...A Gente Vai Recuperando Lentamente Dessas Feridas Tão Dolorosas.
Perdemos Também a Nossa Fé e....Então Descobrimos Que Precisamos Acreditar Mais! Tanto Quanto o Ar Que Respiramos; No Qual A Única Razão De Existir E Viver.
Reflita.

Ctba, 05/05/2008.

9 de maio de 2008

Mas problema sério mesmo

É fazer entrevista com pessoa embriagada. Sendo a 'entrevista' no causo sobre a possibilidade ou não de entrar com "ação judicial", como já dizia a outra, contra a empresa. E eu ali de apoio da moça bacharel que trabalha no escritório e que dá de dez a zero em muito adevogado calejado, mas isso não vem ao caso, e me perdi.

Mas estava eu de apoio moral né, só ouvindo. Ou tentando. Que a pessoa embriagada falava baixo e enrolado e baixando cada vez mais o tom de modo que realmente foi impossível. Até que, em um dado momento a pessoa dorme. Um cochilinho básico ali na frente das dotôras. Que é pra recuperar as forças né, que contar os problemas é uma coisa cansativa, eu sei. Cansou de contar que foi contratado num dia e demitido quatro dias depois e cochilou mesmo. Por uns bons segundos.

E a gente né, lá. Tipo assim. Uma olhando pra outra e outra olhando pra uma e acordamos a pessoa e 'não, realmente não tem jeito, não tem ação, não tem nada', alto, muito alto, e a pessoa agradeceu - ou coisa do tipo interpretada como tal por crença na humanidade - e foi-se.

O charme e o glamour da profissão. Belezura.

Mas ficou bom, sabe.

O brigadeirão de dois anos e meio atrás.

Nem ia servir nem nada no almoço, porque depois do episódio todo e da garrafa de vinho secada para afogar as mágoas culinárias, achei uma boa idéia deserformar a coisa e daí tudo virou um chuchu ainda maior.

Mas servi, que não tenho amor próprio. Alguém lá longe perguntou "que é isso, fígado?", mas foi tudo, tigela raspada, juro.

A falta de assunto. Um problema sério.