31 de outubro de 2007

"A verdadeira beleza vem da personalidade e nada tem a ver com a forma das sobrancelhas." (Charles Bukowski)

Bem podia eu ilustrar a frase com uma foto minha aos 12 anos, retrato fiel do que a forma das sobrancelhas pode avacalhar uma pessoa.

Muitos traumas de infância me renderam as sobrancelhas.

Já falei, né, que elas não paravam no lugar. Coisa que se poderia ter resolvido com bastante facilidade, mas minha mãe devia ser meio naturalista e achar que eu devia ser também.

Por isso, não posso dizer que concordo, sendo assim bem tongolina e limitando os sentidos poéticos da frase unicamente ao sentido literal das palavras, que, para mim, que as sobrancelhas domadas contam um bocado, se não na beleza, no bem-estar da pessoa, e este há de refletir conseqüentemente na harmonia das formas.

Mas tu podes, querido Buk, tu podes dizer qualquer coisa que eu me recolho.

29 de outubro de 2007

Tudo foi brincadeira, tudo o que falamos, tudo o que imaginamos, tudo o que faríamos se não fosse uma brincadeira. Quando eu disse que podia, quando eu disse que queria, quando eu disse o que sentia por você. Foi brincadeira seus braços estendidos como se fossem fechar em mim, minha doação de pernas pela sua linguagem, quando avisei que os pássaros morreram no mesmo dia nas gaiolas da janela e que o silêncio era agora insuportável, porque o silêncio lembrava o que ele substituiu. Tudo foi brincadeira, um homem aceita que é brincadeira, mente que é brincadeira, porque a mulher perguntou se ele estava falando sério, a mulher desacreditou dele no exato momento em que ele mais acreditava, no momento em que ele treinava o sopro, no momento em que iria expor que a amava, no momento em que ele reaprendia a confiar. Antes de levar o fora, o homem dá o fora em si. Tudo foi brincadeira, o homem vai esclarecer, o homem vai se arrepender, o homem vai disfarçar para se proteger, para não se diminuir, fechará a mão com o alpiste dentro, com a carta latejando dentro e ninguém mais decifrará a sua letra. Fracassará mais uma vez em sua esperança. Ficará mais uma vez com sua reputação. Ele aceitará o riso a contragosto, voltará atrás como quem é flagrado roubando a mãe. Ela dirá: ainda bem. Ele dirá: não tinha como ser verdade. Ela vai confessar que levou um susto. Ele pedirá desculpa pelo mal-entendido. Ela vai suspirar de alívio com o engano. Ele vai fingir que não pensava diferente. Ela vai afirmar que só o enxerga como amigo. Isso vai doer nele, vai doer nele não ser o homem certo para ela e tentará não mostrar que está sangrando. Seguirá caminhando com a cabeça erguida até o fim da cicatriz, até que o joelho de sua boca canse de sangrar o mesmo sangue. Tudo foi brincadeira porque ela zombou da possibilidade do amor e ele se acovardou e calçou novamente os sapatos e se viu nu enquanto ela ia e recolheu os cabelos que cresciam de seus cílios. Tudo foi brincadeira, o pescoço de hortelã, as infâncias sentadas no portão de ferro controlando a cor dos carros, a fome esquecida para ficar mais tempo juntos. Tudo foi brincadeira, as confissões, a cumplicidade, a intimidade. O período em que fiavam seus segredos, que se confessaram como nunca antes, que se planejaram como noivos, que se abriram como amantes. Tudo foi brincadeira, tudo será sempre uma brincadeira sádica, uma brincadeira cruel, quando apenas um dos dois estiver amando.

Fabricio Carpinejar

Dúvida:

O BOPE do "Tropa de Elite" é o mesmo do "Ônibus 174"?

26 de outubro de 2007

E Paulinho da Viola, que amo de todo o meu coração:

Coração Vulgar

Morre mais um amor num coração vulgar
deixa desilusão a quem não sabe amar.

E quem não sabe amar há de sofrer
porque não poderá compreender
que o amor que morre é uma ilusão,
e uma ilusão deve morrer

um verdadeiro amor nunca penece
que pouca gente ainda o conhece
meu bem, se o seu amor morrer,
é porque ninguém o entendeu
deixa o teu coração viver em paz
o teu pecado é querer amar demais.

Da Tati, que eu leio com tanto amoRR e que está se despedindo do mundo bloguístico.

Com mil pedidos de licença:

"O amor que morre é uma ilusão

minha porção amélia tá em alfa. to com saudade do meu amor. vontade de ser gueixa quando ele voltar. deixei os cachos. lavei roupa. esperei telefonema. acreditei quando ele disse que me ama. nem aí de ser ou não corna. coisa que nem passa pela cabeça quando a gente confia. sem espaço na minha porção amélia carente cantando. tô mulher até dizer chega. sua mulher. exibindo minha coleira. nem aí pras feministas, pros sutiãs queimados, pra fogueira. to louca. repartida. acho que você me carrega junto. enamoradamente iludida. apaixonada. brega. cega. amélia de você.

(e uma ilusão tem que morrer. Paulinho da Viola)"

25 de outubro de 2007

Descobri a América ou O que a yoga pode fazer por vc.

Fala-se em 'eu fundamental' e em papéis.

Para praticar yoga, vc, preferencialmente, deve deixar os papéis que desempenha em sua vida de lado e se concentrar na respiração, observar a sua mente, como um ser consciente, etecétera, etecétera...

A ‘prática’, inclusive, tem o condão de te trazer para o momento presente, já que se concentrar em tantas coisas ao mesmo tempo, coisas normalmente ignoradas, impede a mente de ir por outros caminhos.

Como quando a minha lombar parou de doer numa posição lá pelo simples fato de eu respirar direito, seguindo os 5 passos, primeiro o ar acima da linha do umbigo, costas atrás, costas laterais, costas encima e peito, ou qualquer coisa do gênero (jamais decoro). O pranayama. Adouro as palavras.

Quando vc deixa os papéis de lado, as ansiedades devem ficar de lado igualmente, porque as ansiedades pertencem aos papéis.

A vida inteira eu achando que as ansiedades eram minhas. Mas não, são dos papéis. E o meu eu fundamental, a minha verdadeira natureza, é livre, é tranqüila e é feliz.

\o/

22 de outubro de 2007


Wagner Moura, eu tô te querendo.

Muito mesmo.

Já estava sem assunto nas rodas, mas resisti bravamente e só assisti "Tropa de Elite" no cinema. Também porque meu aparelho de dvd não funciona com cópias, é verdade. Mãs, ainda assim, por nada neste mundo que perderia de ver pela primeira e, por isso, inesquecível vez o "filme-fenômeno" na grande tela.

É realmente um filme-fenômeno.

E Wagner Moura, eu realmente quero casar com vc. Quanto talento, quanta entrega, quanta verve, não?

E quanto besteirol dessas pessoas taxando o filme de fascista. Não não. Por um lado, bom, que a polêmica abriu de fato um canal de discussão sobre a violência urbana e o tráfico de drogas, coisa que futuro marido meu percebeu muito bem e comentou neste artigo aqui.

Achei até lúdico o filme, que me fez lembrar a velha infância em que brincava de Kate Mahoney e achava que ser puliça era o máximo da aventura e do orgulho de viver. Em épocas em que somente os vilões são admirados e gostados, nada mal ter um anti-herói balançando o coreto.

Para conhecimento:

"Anti-herói é o termo que se emprega para alguém que protagoniza atitudes referentes às do herói clássico, mas que não possui vocação heróica...São personagens não inerentemente maus e que, às vezes, até praticam atos moralmente aprováveis.

Contudo, algumas vezes é difícil traçar a linha que separa o anti-herói do vilão; no entanto, note-se que o anti-herói, diferente do vilão, sempre obtém aprovação, seja através de seu carisma, seja por meio de seus objetivos muitas vezes justos ou ao menos compreensíveis, o que jamais os torna lícitos.

Há mais de um tipo de anti-herói.

(...)

Ainda há o tipo de anti-herói que é bem próximo do herói, mas segue a filosofia de que “o fim justifica os meios”. Esse último é bem popular nos quadrinhos, dentre os quais pode-se citar Wolverine, Justiceiro, ..."

Acho que é quase isso.

E, puliça de toda a parte, fiquem contentes com o filme, que ele contribui para as pessoas pensarem na profissão de vcs com uma certa ternura, agradecendo a Deus que ainda existam pessoas que topem este tipo de coisa, sem muitos porquês compreensíveis neste mundo do cada um por si.

E a classe média hein? Alguém já disse que a classe média é fascista. E, ironia, é a classe que faz o bonde andar.

Perigoso falar sobre este filme, que parece que cada mínimo comentário a respeito pode transformar o opinante em algum tipo de monstro insensível e horroroso. Mas todos pagarão o preço que, ao mesmo tempo, ninguém vai querer ficar fora dessa.

21 de outubro de 2007

You give a little love

and it all comes back to you.

17 de outubro de 2007

Daí que eu sou uma das remanescentes do orkut.

Não sei bem até quando, mas vou indo.

Que agora a pessoa me ‘add’ porque temos nomes ‘praticamente iguais’, segundo ela. Sendo o sobrenome o mesmo e o nome dela, Krol.

Krol, vejam bem. K-rol, eu acho. Presumo. Assim, na minha ignorância.

Todo um esforço para não ler Cróu.

E daí pela quase que identidade de nomes a pessoa acha que rola toda uma identificação pessoal, sabe como. Incrível isso.

Vejam que a Cróu gosta de jogar vôlei e tomar tererê. Ela lê Poliana Moça e o Mistério da Casa Verde. Juro.

E escuta Nx Zero, Marjorie Estiano, Pitty, Pimentas do Reino (não perguntem), Papas na Língua, Wanessa Camargo, Ivete Sangalo, Victor e Léo (idem). Verdade verdadeira. E assiste Pânico na TV.

Ou seje.

A gente demora duzentos e vinte e cinco anos para entrar neste mundo bizarro, e quando entra, lembra logo de cara porque ficou tanto tempo longe.

Mas eu continuo, não saio, que eu gostcho. Só pode.