6 de junho de 2007

Fátima Guedes, fofurinha


A última vez que ela veio para cá, salvo engano, foi em 2002. Show no Paiol com Zé Luiz Mazzioti.

Foi a primeira e única vez que eu fui a um show sozinha e tive uma experiência muito feliz. Obviamente que o tipo de show e o tipo de teatro ajudaram em tudo, já que a atmosfera era naturalmente introspectiva e intimista.

Lembro que na minha cadeira e nas cadeiras em volta estavam umas meninas que não haviam conseguido lugar juntas e eu disse que elas podiam ficar com a minha cadeira, sem problema, que eu trocava de lugar, ao que elas me perguntaram muito solidárias: mas vc tá soziiinhaa??

No fim, foi melhor trocar de lugar, porque aí fiquei no espaço mais alto e mais escuro do Paiol, o que (quero crer) evitou um pouco do vexame, pois eu chorava soluçado durante todo o show.

Aliás, 2002 foi o ano dos shows emocionantes e de chorar soluçado. E 2007 tem sido o ano do retorno destes artistas, com shows que infelizmente não puderam superar o impacto que os anteriores tiveram para mim. Mas é que né, ...nem poderiam.

A intensidade das coisas vividas pela primeira vez é particular e única, apenas para dizer o óbvio ululante. O tempo depois se encarrega de acrescentar a dose de nostalgia e temos cá mais um momento em nossas vidas idealizado pela saudade. Pela saudade e pela inocência. De alguma coisa tinham que servir as primeiras experiências e a inocência, afinal.

Mãs o show deste fim de semana, mais uma vez, foi emocionante, com composições do Tom de antes da bossa nova, todas músicas desconhecidas do grande público, portanto. Meus irmãos fariam um à parte aqui para dizer que sou esquisita, já que não gosto de nada do que todo mundo gosta. “Porque todo o mundo gosta” e “ninguém nunca ouviu falar dessas coisas que vc gosta”. São as frases-mãe de todo o diálogo que travo com eles sobre gostos pessoais. Eles odeiam todos os meus cds e os livros e tudo o mais do que eu goste. Diria que é um indício do meu bom gosto isso. Onde já se viu “maioria” ser pressuposto de qualidade. A maioria escolheu o Lula, não esqueçamos - só para usar o exemplo mais chocante.

Mas tá, depois do show, imbuídas de enorme boa-vontade e abertura para o mundo, fomos eu e Ferdi Maria encarar uma boate alternativa, com gente esquisita. Aí percebo que sou convencional por demais, assim, externamente, e não orno em lugares com gente esquisita, embora o lugar, a decoração, a música e mesmo o figurino do pessoal me agrade muitíssimo. Ó, o conflito lá, arrojo versus blábláblá, sempre companheiro.

É que não resisto. Pra ter uma idéia, tem até uma passagem secreta no banheiro masculino - que é uma atração por si só, já que o vaso fica um degrau acima, tipo altar, e o teto rente à cabeça, a la o meio-andar de Charlie Kaufman. Dayana Kelly mostra pra vcs - a passagem secreta, bem entendido, que fotografar o vaso não passou pela nossa cabeça na hora:


E eis o outro lado:


Que era o bar detrás, onde havia um caminho de pedras, uma bananeira de canto cheia de luzinhas e Sin City refletido no paredão.

Só aligriiia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mari, ja dizia um professor meu sobre o fenômeno da maioria e da minoria: "Coma merda! É impossível que 6 bilhões de moscas estejam erradas."

FER disse...

Ave Mary, que espetáculo maravilha esse show mesmo, adorei deveras!