30 de julho de 2007

Modigliani

26 de julho de 2007

Eu escolho a Fal!

Sai Pires e entra Jobim? Sério? É essa a solução do Lulalelé pra crise? Não, sério mesmo, tipo, é sério? Eu perdi algum capítulo, foi isso? O mundo acabou, vcs não me avisaram e a vida é assim mess? Então vão por quem na presidência da Infraero? A Soninha? O Sérgio Malandro? Eu? Escolhe eu tio, Tio Jobim, eu, eu, eu!

25 de julho de 2007

Só a yoga salva


A yoga foi decidamente a melhor coisa que inventei nos últimos anos. Aquela frase lá do “viver é reinventar a vida a cada novo dia”, eu tenho levado ao pé da letra, de maneira que minha vida tem se resumido a invenções de toda a ordem.

Fazia tempo que eu não me sentia assim, com essa sensação de primeiro dia do resto de nossas vidas. De acordar para o dia em que as coisas podiam ter sido, mas não foram.

Viver na mornidão tem suas vantagens, mas, em contrapartida, tudo se torna tão mais avassalador quando acontece. E quando não acontece também.

Lendo isto, o Thi lembraria imediatamente da frase bíblica que diz: “Seja quente ou seja frio. Não seja morno que eu te vomito”.

Mas, aí, a gente vai pra yoga, completa uma dúzia de posições e reaprende a respirar usando toda a capacidade respiratória.

É consolador.

Da nossa Rainha:

Apetece-me

Apetece-me tomar-te de assalto e fazer-te refém das minhas vontades.
Do meu afecto.
Apetece-me que te apeteça também.
Apetece-me ser crescida e poder ter destes apetites.
Apetece-me dar mais de 21 gramas a uma alma magra de alegrias.
Apetece-me não me enganar.
Apetece-me que não me enganes.
Apetece-me guardar o passado e aguardar o futuro.
Apetece-me que os afectos tenham uma existência concreta.
Apeteces-me. Sem aditivos. Sem corantes. Mas com conservantes.

9 de julho de 2007

Hoje, como era de se esperar, presenciei minha primeira experiência de rebelião da plebe rude contra a trilha sonora que embala a todos nós, proletários, a caminho do trabalho, no transporte coletivo.

Alguém trouxe um rádio e ligou um reggae bem alto, enquanto ao fundo, 'As Rosas não Falam', instrumental, tentava acalmar as pessoas usuárias do ônibus, numa segunda-feira cedo.

Veja que são músicas de classe. A música escocesa não é ruim não, pelo contrário, e ‘As Rosas não Falam’, bom, ...essa menos ainda. Mas as pessoas curtem o barulho, não adianta. Quanto mais ruído e mais volume, melhor. Não basta o horror no que o transporte coletivo pode se transformar em determinadas horas do dia, as pessoas gostam mesmo é de piorar o que já é ruim.

É uma tendência mundial? Porque eu não faço parte. Eu não faço parte de nenhum grupo de maioria, na verdade, mas, ainda assim, imaginava eu, seguindo o bom senso coletivo, que a musiquinha instrumental colaborava para a pacificação das massas.

As pessoas devem se irritar por alguém estar tentando acalmá-las, deve ser. Ovelhas insubordinadas. Uma pena que não se insubordinem pelas razões devidas.

3 de julho de 2007

A gente vê que ficou pra titia quando a nossa chefe passa a comentar de todo e qualquer cliente, remanescente solteiro mais ou menos apresentável, com os olhos brilhando e o ar de quem sugere, no melhor estilo da querida e saudosa Cris: TUA CHANCE, Mariana!!

As pessoas se incomodam com os solteiros não?

Sempre partem do pressuposto de que se não tem, está procurando, e, se não está procurando, é uma dissimulada da pior espécie. Bom, devo ser uma dissimulada da pior espécie, mas não por outra razão, além da de manter comigo a absoluta convicção de que certas coisas não se procuram, ...apenas se encontram, graças a alguma conjunção astral favorável.

E acredito piamente de que nada, mas nada mesmo que vc faça com o intuito de fará alguma diferença no andar da carruagem.

Falamos de 'encontro', bem entendido. Após o encontro, existem aquelas outras cento e cinqüenta mil variantes/determinantes que fatalmente levarão ao fim, com poucas e cada vez mais raras exceções honestas.

Mããs, a variante “total inabilidade para a conversação com qualquer ser do sexo masculino desconhecido mais ou menos apresentável” deve ter algum peso na manutenção do statu quo solteiro, passo a ponderar.

Sim.

...

Certamente que sim.

No ônibus, música instrumental escocesa, ou, algum outro álbum que bem poderia ser a trilha sonora de "Coração Valente" e ter um clip em que Mel Gibson corre pelas montanhas do Reino Unido de saia xadrez pregueada;

Andarilha vestida de quimono preto florido e com um coque no alto da cabeça que estende um tapete (que costuma carregar nas costas) na grama da praça e começa a dançar sozinha e a girar com os braços abertos;

Casinha branca bucólica escondida no Alto da XV ocupada por pessoas vegetarianas que usam nomes zen, cantam mantras indianos e tocam pianinho com fole.

Às vezes a vida se parece demais com alguma coisa que não existe.

1 de julho de 2007

Essa idéia de que o amor para ser completo deve incluir o momento da separação já foi tema de um dos textos do Jamil Snege, com o qual, apesar de me agradar a poesia, jamais concordei, o que me deixava naquela posição desconfortável de discordar de alguém que se admira e a quem, até então, eu somente lia assentindo positivamente com a cabeça. Tinha a impressão de que a intenção era apenas a de criar polêmica, mas vejo que a idéia é antiga e até bastante propagada.

Passei a estranhar menos, no entanto, depois de ler a uma entrevista em que ele falava sobre o assunto e explicava o seu ponto de vista à entrevistadora:

"Sim, os grandes amores sempre se acabam. Todos nós precisamos de um grande amor finito, interrompido, para continuarmos a crer na infinitude do amor. (...)

Lembrei-me então de um conto de Graham Greene, que li há muito tempo, chamado "Visita a Moritz". Um sujeito muito rico tem uma doença crônica aparentemente incurável. Depois de percorrer os grandes centros médicos do mundo, informam-lhe que vive em Moritz um obscuro doutor em cujo histórico clínico registram-se casos de cura da rara doença. O homem viaja a Moritz e hospeda-se num hotel. No dia seguinte, pela manhã, sai a caminhar pela pequena cidade e logo localiza o endereço do médico. Uma rua aprazível, um chalé com um belo pé de tília no jardim. Aquela atmosfera acolhedora anima-lhe a visita. Mas ele não chama pelo doutor. Não entra. Limita-se a contemplar a casa, a modesta placa de madeira que a brisa matinal balança. Retorna ao hotel e na mesma noite inicia a viagem de volta.

Minha entrevistadora sorri. A fita acabou finalmente. Desnecessário explicar-lhe o óbvio. Conservar viva uma esperança, mesmo que para isso tenhamos de renunciar ao objeto de nossa busca."

O amor é um lugar estranho.

Temos que aceitar (e suportar) que, sobretudo entre apaixonados, a comunicação é basicamente equívoco, mal-entendido, erro de interpretação, e que tudo o que os amantes podem inventar juntos sempre inventarão sobre as ruínas da comunicação, não sobre seus êxitos.

Alan Pauls, escritor argentino, em entrevista sobre o seu mais novo e badaladíssimo livro "O Passado".