30 de novembro de 2007

Caracas ou Só me f*, Brasil

Mariana diz:
maaaaaaari
M. Urban diz:
mari do ceu
M. Urban diz:
nao to conseguindo parar de rir
Mariana diz:
por que razão?
M. Urban diz:
o diálogo da minha vó com vc está gravdo na secretaria eletronica
M. Urban diz:
hahahahahahahahahaha
Mariana diz:
hahahahahahahahaha
M. Urban diz:
alo
M. Urban diz:
alo
M. Urban diz:
alo
M. Urban diz:
alo
M. Urban diz:
fale mais alto
M. Urban diz:
por favor a mariana
M. Urban diz:
alo
M. Urban diz:
alo
Mariana diz:
hahahahahahahaha
M. Urban diz:
ah! nao to ouvindo nada...tchau
M. Urban diz:
hahahahahahahahaha
Mariana diz:
é, foi bem interessante mesmo
M. Urban diz:
li teu mail
M. Urban diz:
mari....o que sao os nomes dos nossos coléguas que eventualmente seriam interessantes?
M. Urban diz:
adauto
Mariana diz:
uilson
Mariana diz:
edcliff
M. Urban diz:
hahahahahahahhaha
M. Urban diz:
a gente só se fode, é impressionante
Mariana diz:
eu tive a pachorra de contar
Mariana diz:
são 63 mulheres para 38 homens
M. Urban diz:
pqp
M. Urban diz:
e um deles ainda é o rafael
Mariana diz:
sendo que desses 38, 22 devem ser casados, 5 gays e o restante nasceu em 1985
M. Urban diz:
hahahhahahahahaha
Mariana diz:
viu que tem um rafael de araújo nascido em 1985?
M. Urban diz:
pra variar, vai sobrar a gente ficar amiga das meninas
M. Urban diz:
nao vi
Mariana diz:
hahahahahaha
Mariana diz:
te contar
Mariana diz:
tem um chamado jamer, mari
M. Urban diz:
jamer????
M. Urban diz:
puta merda
Mariana diz:
tem uns nomes que eu não consegui definir se são homem ou mulher
Mariana diz:
na dúvida, chutei mulher, o que é sempre mais provável
M. Urban diz:
ainda mais na hora da apresentação....vai ser fuerte
M. Urban diz:
vamos inventar pseudonimos tb?!
Mariana diz:
vamos
Mariana diz:
eu posso ser sandra rosa madalena
Mariana diz:
que além de tudo tem o maior tipo de socióloga
M. Urban diz:
hahahahhahha
Mariana diz:
e vc a heloisa helena, mari
M. Urban diz:
fechou
Mariana diz:
ainda rimam, veja só
M. Urban diz:
ou heleninha roittmann
M. Urban diz:
pra dar uma desestruturada
Mariana diz:
certo beibe

28 de novembro de 2007

E daí que a audiência de sábado foi daquelas comunitárias, alguma coisa como “ação social”, com milhões e milhões de pessoas esperando se empilhando umas por sobre as outras pra fazer RG, CPF, Carteira de Trabalho e afins.

Soube até que às cinco teria um casamento comunitário.

E eu lá, às nove, pra um divórcio. Rá.

E a fila era realmente enorme, eu mesma quis sacar de mi maquininha para tirar fotos e mais fotos para dar bem a noção da situation aqui para todos, mas fiquei tímida. Afinal, apesar de pelo jeito só eu saber que era sábado, não sei bem se tamanha informalidade caberia ali, eu de dotôra e tudo mais.

Mãs.

Distribuíram lexotan grátis pros funcionários todos, só pode. Que nem todo o entusiasmo e a abstração deste mundo poderia causar tamanho efeito de simpatia, alegria e boa vontade em pleno sábado de manhã. Ao menos não ao ver a fiiila que dobrava de tamanho de minuto a minuto.

Mas tudo certo, achei a cliente em meio à multidão, foi tudo muito amigável e tranqüilo e, mais ainda, o que muito me fez enxergar que as coisas poderiam ser tão piores foi que o colega adevogado da outra parte tinha nada menos que cinco (CINCO!) audiências naquele mesmo dia, todas espalhadas, sendo a primeira às nove e a última às três. Na região metropolitana. Ou seja.

Cala-te e agradece, ingrata.

Pra não chorar.

Manchete no correio d'O Globo in line de hoje:

Senadores terão que trabalhar segundas e sextas para aprovar CPMF.

Né.

Falei das audiências nos sábados?

*Longo suspiro*

23 de novembro de 2007

Eu tento.

Pois olhem, eu juro que tento arranjar tempo pra escrever e contar as novidades todas. Da viagem pra Foz, no casamento do ano, dos malamados da receita que engoliram meu rico denhenhinho em impostos na aduana pela tabela abessúrda deles mesmos e das beleuzas todas da flora e da fauna local.

E de como a vida ainda anda mais corrida do que nunca e sem previsão para melhoras.

E de como as festas de final de ano se aproximam.

E essas coisas.

Mãs.

Só o que consigo pensar no momento é que nem mesmo os finais de semana estão salvos na vida da pessoa, nunca mais.

Que não contentes em não ter mais férias forenses, e de todos os prazos e audiências continuarem acontecendo sem cessar por todos os dias do ano – a exceção de míseros recessos que jamais são suficientes para colocar a casa em ordem (sendo a casa, no caso, o escritório e suas pilhas de processo que se acumulam uns sobre os outros) – e, tudo mais que agora me perdi e não sei mais o resto do raciocínio.

Mas, não contentes, esses pulhas resolveram marcar audiências nos sábados. Nos sábados. No dia sagrado de descanso e de dormir um pouco que seja até mais tarde. Mas nãããão. Não há descanso. Nunca nunquinha. Que isso é para os fracos.

Porque agora as audiências são nos sábados. Sendo que eu mesma tenho uma amanhã às nove da matina na parte da região metropolitana que menos me apetece e mais far far away da civilização, sem placas, sem direção e com o fórum recém tendo se mudado. Sendo que, por conta disso e da minha total ausência de noção de tempo e espaço, terei eu que sair de casa umas seisemeia para dar conta da coisa. No sábado, repita-se.

E, não bastasse, tenho outra, de outro assunto totalmente diferente, na capitar mesmo, que o mocinho cartorário vem me intimar por telefone, coisa que adouro. Sendo sarcástica, é claro, que neste momento as distinções são mais difíceis, que eu sei.

Daí o mocinho cartorário falou que tinha sido adiantada a audiência, que estava marcada lá por abril do ano que vem, e que como ia me intimar por telefone, ele ia ler o despacho na íntegra.

Começou com o “blábláblá blábláblá blábláblá a conciliação fica designada para o dia tal de tal às novemeia”. Daí ainda deu aquela pausa sarcástica, o fiodamãe, e continuou: “ciente as partes de que esta data é um sábado”. E o silêncio premeditado para a reação do outro lado, no caso, moi.

A diversão né. A diversão dos mocinhos cartorários em ligar pros adevogados e dar as boas novas. Vingança do pipoqueiro, como diria minha mãe.

E eu aqui, oficialmente com menos tempo do que nunca.

Mas em breve, com muita fé, mais notícias. Com mais fé ainda, boas. Prometo.

18 de novembro de 2007

Idade da presunção: O autêntico período de presunção, nos homens de talento, está entre os vinte e seis e os trinta anos de idade; é o tempo da primeira maturação, com um forte resto de acidez. Com base no que sentem dentro de si, exigem respeito e humildade de pessoas que pouco ou nada percebem deles e, faltando isso num primeiro momento, vingam-se com aquele olhar, aquele gesto presunçoso, aquele tom de voz que um ouvido e um olho sutis reconhecem em todas as produções dessa idade, sejam poemas ou filosofias, pinturas ou composições. Homens mais velhos e mais experientes sorriem diante disso, e comovidos se recordam dessa bela idade da vida, na qual nos irritamos com a vicissitude de ser tanto e parecer tão pouco. Depois parecemos mais, é verdade – mas perdemos a boa crença de sermos muita coisa: que continuemos a ser, por toda a vida, incorrigíveis tolos vaidosos.


NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Um livro para espíritos livres.

10 de novembro de 2007

Rímini entrou, fechou a porta com duas voltas na chave, pôs o rádio no último volume, como se quisesse ensurdecer um exército de microfones clandestinos, meteu-se na cama vestido e só então, coberto até o queixo, atreveu-se a olhar novamente a foto, a virá-la e ler o que haviam escrito do outro lado: Não quero falar com o culpado que confunde viver com fugir, esconder-se, "proteger-se" do que ama (e do que o ama). Quero falar (porque o conheço, porque me comove, porque vem antes de tudo) com o inocente que aos sete anos (você aí tinha sete, não?) iluminava as tardes com sua curiosidade e cobria os sapatos de pó. Se ainda está vivo, se ainda está em algum lugar (e eu acho que sim, que está), que bata três vezes nesta foto, e eu vou lhe abrir a porta.

O Passado, Alan Pauls

9 de novembro de 2007



Uma música* para Mary, nesse dia tão especial

Tranqüilo

Tranqüilo

Levo a vida tranqüilo

Não tenho medo do mundo

Não vou me preocupar

Tranqüilo

Levo a vida tranqüilo

Não tenho medo da morte

Não vou me preocupar

Que passe por mim a doença

Que passe por mim a pobreza

Que passe por mim a maldade, a mentira e a falta de crença

Que passe por mim olho grande

Que passe por mim a má sorte

Que passe por mim a inveja, a discórdia e a ignorância

Tranqüilo

Levo a vida tranqüilo

Que me passe

A doença que me passe

A pobreza que me passe

A maldade que me passe

Que me passe

Olho grande que me passe

A má sorte que me passe

A inveja que me passe

A tristeza da guerra

Tranqüilo

Levo a vida tão tranqüila

Não tenho medo da morte

Não vou me preocupar

*pra ouvir na voz da Bebel Gilberto

3 de novembro de 2007


Chuva.

Deixei o cabelo secar no vento. De pijama o dia todo. Lavei roupa. Saí de chinelo. Cheguei atrasada. Revi gente não vista há muito tempo. Me espantei com as diferenças. Vi o mesmo filme até de madrugada. Dormi mal. Dormi muito. Pesadelo. Chuva. Dias arrastados. Confusão. Más notícias. Roupa pendurada no varal há dois dias. Troquei as roupas do varal interno para o externo e vice-versa. Almocei sorvete às quatro da tarde. Brinquei com o cachorro na terra molhada. Faxina. Tirei o pó dos móveis. Mudei o lugar das coisas. Cheiro de cachorro molhado. Encontrei uns disquetes de 2000. Disquetes. Abri pra ler. Texto de 03 de novembro de 2000. Eu era outra pessoa. Essa outra pessoa se sentia amada. Tive saudades. Fiz as pazes. Dancei sozinha. Protelei. Chuva.