6 de agosto de 2007

Eu tenho 12 anos

Esses dias vi na tv a chamada de um filminho cuja história era a de uma menina de 13 anos que teve atendido o seu desejo de acordar o dia seguinte com 30 anos.

Mas ela passou a ter 30 anos e um corpo de mulher e continuou tão inábil e envergonhada como são as meninas de 13 anos.

No meu caso, eu tenho 12 anos, a situação é inversa e isso não é, propriamente, um desejo meu.

Doze porque além de doze ser mais sonoro, meus 12 anos foram o momento mais crítico da minha existência, graças desde às minhas sobrancelhas que não paravam no lugar e à minha mãe nunca ter aprendido a fazer escova no meu cabelo até o meu sublime e eterno amor colegial não correspondido, razões todas que me levavam a querer desesperadamente pular a fase crítica e acordar adulta. 30 anos era uma boa pedida.

Mas o que eu não podia contar é que em tendo quase 30 eu voltasse a ter as mesmas reações debilóides que me acometiam aos 12 anos, do tipo ter ataques de riso porque o rapazinho mais-ou-menos-interessante (que também está na faixa dos 30, se não mais) surgiu do outro lado da rua, e, pra disfarçar tamanho sem graça, fingir procurar coisas inexistentes dentro do porta-malas do carro; ou, pior, sequer conseguir olhar para o moço apontado pela amiga (que é interesse dela, veja bem) sem ser flagrada e sem conseguir conter os espasmos aqueles que antecedem os ataques de riso, com direito a se esconder atrás da primeira pilastra, com a intenção vã de não ser vista.

Não dá.

Não dá mêischmo.

Pra completar, ainda escrevo diarinho na internet contando a situaçã.

Será uma reação natural à passagem da idade? Digo isso porque ao menos tenho a felicidade, se é que dá pra considerar assim, de não passar por micos do gênero desacompanhada, já que minhas amigas, igualmente balzaquianas, estão juntinho à mim nesta regressão e não auxiliam, absolutamente, na incorporação do jogo de sedução que era no mínimo uma obrigação aos quase 30 saber usar.

Um pouco menos mal.

...

Ou não.

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