20 de abril de 2008

Daí que

É sábado, sendo que segunda é feriado e cá estou. Nada de viagens, nada de grandes planos para aproveitar os prolongamentos todos de dias de recessos, nada daquelas coisas pelas quais esperávamos ansiosamente nos tempos áureos de ócio. Ou de menos trabalho. Ou de trabalho normal, vá saber.

Ao contrário, cá estou na cidade mesmo, com o digníssimo marido trabalhando nas noites inteiras de sábado e domingo – um chuchuzinho – e três pocessos aqui do meu lado, que já há tanto me encaravam no escritório que os trouxe para passear. Sempre é bom tê-los por perto para um eventual ataque de ansiedade, que daí dá pra ir adiantando alguma coisa para aliviar as agonias todas.

Mãs. O facto é que – talvez na ânsia pelo novo, muito incauta – tentei me aventurar na cozinha. Sim, neste território nunca dantes explorado e desconhecido quase que inteiramente por esta que vos fala. Pra fazer uma sobremesa, nada de mais. Coisa que era pra ser muito simples, uma lata de leite condensado, uma de creme de leite, tantas colheres de açúcar, três ovos e chocolate em pó. Coisa envolvendo forno com banho maria, um desafio.

Coloca-se tudo no liquidificador e enquanto se unta a tal da forma com um buraco no meio, que tinha que ter o buraco pela receita, que todo o sabor se mudaria por completo em caso contrário. Bati tudo, experimentei – experiência adquirida de outras tentativas piores – e notei que havia esquecido o açúcar. Normal, de ciiiinco longos ingredientes, se esquecer de um. Daí que. Cadê que não há açúcar na casa. Açucareiro vazio, lavado e limpo. Não sei por quem, mas isso nem vem ao caso agora. Que fazer.

Eis que, muito sociável, fui em busca dos vizinhos, mais clichê impossível. Toca uma campainha e nada. Toca de volta, barulhos lá dentro, mas nada. Toquei a do lado, e o cachorro – ao menos – ouviu, que não parou de latir e causou um efeito em cadeia, de uns cinco ou seis cachorros latindo e uivando por todos os lados. Mas nada de alguém me atender. Saco.

Ta, fugi dos latidos todos e em casa encontrei uns adoçantes e, se não tem tu, vai tu mesmo.

Tudo muito certo, forma com furo devidamente untada e pronto, coloquei a mistura lá. O problema é que além dO furo, havia outros, modos que a coisa foi vazando. Tentei parar com o papel alumínio com o qual eu deveria cobrir a coisa pro tal do banho maria, mas nada.

Ah, e o banho maria. Antes disso eu reparei que nada havia nesse mundo em que coubesse a tal forma pra cozinhar no maledeto banho maria. Tive que tirar uma forma redonda com as carnes que vão ser cozinhadas amanhã – por quem sabe, maridón, e não eu, fiquem tranqüilos – limpar, lavar e lavar. Mas, como a coisa toda foi vazando e vazando, inclusive pelo chão, forno e pia – don’t ask – mudei tudo de lugar e foi em forma sem furo, sem untar e direto no forno. Que puta merda. Assim não pode, assim não dá.

Amanhã eu conto.

Tudo muito estressante, tenso e cansativo. Serei advogada pra sempre, que só isso. Se as leis e os problemas das pessoas acabarem, só o ponto cruz poderá salvar, que vou te contar.

Daí que cá estou quase no final da garrafa de vinho – aberta a duras penas, devo dizer (uma vergonha para a mulherRR independente que achei que era –, pra relaxar dessas tensões culinárias.

E alguém me disse que cozinhar era quase que uma terapia.

Sei.

2 comentários:

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Carol, essa aí me lembrou um amigo me contando o pesadelo que foi a viagem que fez com uns amigos pro meio do mato pra mor de pescar. Aí eu entendi o que quer dizer aquele adesivo que eu vejo nos carros: "Tá nervoso? Vá pescar". Eu achei que pescar desestressava, mas na verdade o sentido é: vai pescar pra você ver o que é ficar estressado. Não tem nada a ver, mas até que tem.