18 de novembro de 2007

Idade da presunção: O autêntico período de presunção, nos homens de talento, está entre os vinte e seis e os trinta anos de idade; é o tempo da primeira maturação, com um forte resto de acidez. Com base no que sentem dentro de si, exigem respeito e humildade de pessoas que pouco ou nada percebem deles e, faltando isso num primeiro momento, vingam-se com aquele olhar, aquele gesto presunçoso, aquele tom de voz que um ouvido e um olho sutis reconhecem em todas as produções dessa idade, sejam poemas ou filosofias, pinturas ou composições. Homens mais velhos e mais experientes sorriem diante disso, e comovidos se recordam dessa bela idade da vida, na qual nos irritamos com a vicissitude de ser tanto e parecer tão pouco. Depois parecemos mais, é verdade – mas perdemos a boa crença de sermos muita coisa: que continuemos a ser, por toda a vida, incorrigíveis tolos vaidosos.


NIETZSCHE, Friedrich. Humano, demasiado humano. Um livro para espíritos livres.

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