7 de fevereiro de 2007

"Um único momento de beleza e amor justifica a vida inteira" (Rubem Alves).

Pois então. Moi.

Eu sou a Carolina, prazer.

Apresentações não são lá o meu forte, pelo menos não em público. Aliás, entregando o ouro desde já, tenho uma vergonha terrível de falar em público. No sentido de platéia, digo. E ficar constrangida é umas das coisas mais desconcertantes, ainda mais quando se fica vermelha, o que é sempre. E quando o fato de sentir-se ficando vermelha causa ainda mais vergonha e daí fica vermelho em cima de vermelho. Aquela coisa sem fim. Gabriel Garcia Marques escreveu alguma coisa sobre isso, vou procurar.

Mas, como eu dizia, essa coisa de apresentar-se em público talvez não me apeteça tanto mais pelo fato de, na maioria das vezes, interessar mais aos outros o que você faça do que propriamente quem você seja. Sem contar que neste preciso momento a coisa é em público, mas por escrito, o que muito me conforta. Não só por não correr o risco daquela vermelhidão toda como também pelo fato de escrever, em si.

Vejamos. Eu.

Ainda acredito, e muito, nessa nossa humanidade, por mais que os seus componentes tentem me provar o contrário o tempo inteiro. Não adianta, que a crença e o santo são fortes. Otimista de carteirinha, devo dizer, e mesmo os – breves e não tão breves assim – intervalos de apocalipse now, acabam invariavelmente com aquela boa e velha esperança de dias melhores, que me retoma o fôlego e impulsiona para frente. Para onde, diga-se, é que se anda.

Acredito que são os momentos que valem à pena. Os instantes. Que não devem ser subestimados. É deles que a vida é feita. Um único deles, como diz a frase, pode ser suficiente para justificar uma vida inteira. E é preciso atenção, esforço e prática constante para continuar os notando, para não se deixar atropelar e perder o foco.

Falo muito e escrevo demais. Tenho esta leve tendência a ser prolixa, com pouquíssima capacidade para a síntese. Então agüentem.

Acho amizades sempre surpreendentes. As verdadeiras, sempre no bom sentido. Na realidade é a sintonia entre as pessoas que me surpreende, uma satisfação só. Não só da pessoa já saber o que a outra vai falar, por exemplo, mas de em se falando pouco, quase nada ou nada mesmo, a outra simplesmente saber. Isso tanto em amizades como também em amores, é o mais bonito de tudo.

Morro de medo de barata. Bichos cascudos em geral, e que voem.

Não sei nadar e só entro mui raramente só em mares calmos. E parados. E ainda assim não posso deixar de sentir o chão bem debaixo dos meus pés por mais de alguns segundos antes do pânico total. Aliás, o chão fica sempre colado nos meus pés em tudo. Em todos os sentidos, ou quase.

Mas sei andar de bicicleta e dirigir. Uso carro pra quase tudo. Não que seja algo que me orgulhe, mas.

Bem que tento, mas não gosto de exercícios. Saco. E adoro pizza, massas e molhos, o que agrava sensivelmente as coisas. Camarão, carne seca, alcaparras. Pimenta e muito sal.

Sou advogada, e gosto de boas partes da profissão, mas não sei se serei pro resto da minha vida. Pelo menos assim não imagino. Não que me veja fazendo alguma outra coisa específica, mas ainda assim. Acho sinceramente que seria mais feliz fazendo outra coisa, mas não tenho as coragens suficientes, o que é uma lástima. Muito do peso carregado é por conta de saber que é uma lástima. Mãs, sempre há tempo.

Já fui professorinha de inglês. Fiz dois períodos de espanhol.

Gosto de música. Muito. Mas nunca aprendi a tocar nada. Acho que até tenho um bom ouvido, especialmente para em que não entende nada, ou talvez só por isso. Gostaria de saber tocar piano, cheguei a me ensaiar para ter aulas, mas deixei para trás.

Costumava me apavorar se as coisas saíssem de controle, ou se eu perdesse as rédeas das situações, mas agora já nem tanto. O que é bom, muito bom. As coisas se acertam, é incrível. E equilíbrio é tudo nessas horas.

Não sei cozinhar, mas estou aprendendo, a passos de tartaruga. E, para total surpresa minha, até que gostando dessas coisas de cuidar de casa. Só não me peça para passar nada.

Com exceção do espanhol, tudo o que eu comecei, eu terminei, e sempre no mesmo lugar onde começado. Por exemplos, na minha primeira escolinha, entrei com a idade mínima e saí com a idade máxima. Primeiro grau, a mesma coisa, só saí por não existir segundo grau lá. Segundo grau até terceirão também no mesmo colégio. Vestibular, faculdade, inteira na mesma e no tempo certo. Um único estágio justamente no mesmo escritório que eu estou até hoje, há quase oito anos.

Também morei vinte e oito anos exatamente na mesma casa.

Ah sim, tenho vinte e oito anos. Em setembro, vinte e nove.

Ano passado foi a minha primeira mudança, pra duas quadras de distância. Mas mudanças de hábitos e de estado de espírito não se medem em quadras, isso é certo.

Talvez por isso mudanças em geral sejam assim tão delicadas e exijam tantas energias. Não chegam a ser um problema terrível, mas comodista que sou – e não estou dizendo que isso seja bom, vejam – gasto tempos e ansiedades só pensando em como poderá vir a ser depois da mudança, e se der certo e se der errado, do que com o ato de mudar propriamente. E isso já me fez desistir de várias coisas que nem comecei e que possivelmente seriam melhores. Mas, coisas a se trabalhar.

Tenho o riso frouxo que só, e presto muito pouca atenção a detalhes e não sou tão organizada quanto gostaria. E vejam que eu sou virginiana, sendo todas as previsões, sinto informar, furadas. Em compensação, crítica ferrenha de mim mesma, mas melhorando muito nisso, sorte minha.

Tirando tantas outras coisas que cá não me lembro – porque eu esqueço de tudo mesmo – e somando tantas outras que, quem sabe, eu ainda nem notei, sou eu. Essa, e mais ninguém.

2 comentários:

MARIANA disse...

Mas que espetáculo! E eu ainda tenho a honra de inaugurar os comentários, hahahaha! Kerol, Kerol... "essa e mais ninguém", cá estou comovida de voltar de minha peregrinação pelo interior do Estado e encontrar o bloguinho novo e decorado e ainda, assim, desse jeito tão garboso e elegante. Essa frase do Rubem Alves sempre me remete a uma outra que parece ser de Goethe: "na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira", que não é nada mais do que a verdade mais pura. Adouro. Mui agradecida pela boa surpresa! Besos mil para ti!

Anônimo disse...

Ei, esqueceu de dizer que é uma irmã magavilhosa!!!!!!
Muito boa sua apresentação!!
Essa realmente é você!
Beijos.