23 de fevereiro de 2007

Enquanto isso,

Nalgum lugar não menos nublado do litoral catarinense, estávamos nós procurando atividades diurnas e noturnas a fim de retirar até o bagaço desse feriado de cinco dias, conseguido a duras penas.

Comecemos pela viagem de ônibus. Ah, as viagens de ônibus.

Já fiz uma bem longa uma vez em que dois sujeitos sentados, claro, no banco detrás do meu, aproveitavam todas as paradas pra tomar cerveja e entravam às 3 da madrugada no ônibus de latinha em punho, exalando odores nada agradáveis pra quem dorme, apesar. E fumavam no banheiro, naturalmente, como ícones máximos da transgressão no transporte coletivo.

Em viagem de carnaval não haveria de ser diferente, ora pois. Daííí que dois sujeitinhos muito novos que já bebiam na rodoviária enquanto punham as malas no bagageiro, sentaram onde? Naturalmente, na poltrona imediatamente atrás de mim e de Ferdi Maria.

Andavam quietos os meninos até metade da viagem, quando então os efeitos da cachaça chegaram no seu ápice de expressão. Não tardou, um deles, balançando a garrafa pra lá e pra cá, espirrar vodka nos cabelos de Ferdi Maria, o que foi, diga-se, o mesmo que aventurar-se em terreno inóspito e selvagem.

Um dos rapazes, o único que falava, já que o outro se limitava a emitir alguns sons ininteligíveis, desatou a pedir “desculpas, minha queridaa”, “ele não teve a intençauuum”, “em momento alguuum ele quis ofendeer você”, blábláblá..., ao que Ferdi Maria respondia apenas: “então tá, agora acabou, se comporta amigo, tá todo mundo viajando sossegado, faça o mesmo”.


Tamanha indiferença de Ferdi Maria às desculpas do rapaz o deixaram magoado, no entanto, razão pela qual tentou ainda: “desculpa queridaaa, foi sem querer, também não precisa me tratar como um capacho”. E num momento máximo de ofensa, ele atirou os próprios óculos em Ferdi Maria. Nunca havia pensado nos óculos de sol como arma de defesa, mãs, os bêbados tem este talento de sempre pensar algo inusitado antes de todo mundo.

Infeliz idéia. Aí iniciou-se a via crucis; o motorista parou o ônibus, chamou a atenção dos meninos, confiscou a garrafa de vodka já vazia, disse em voz grossa que se eles não se comportassem 'ia parar nos hômi', os meninos afundaram na poltrona e prometeram se comportar. No que saiu o motorista, quiseram ainda barganhar desculpas com Ferdi Maria oferecendo cd´s para ela ouvir, se irritaram com uns argentinos (evidentemente argentinos) sentados na nossa frente e mandaram eles voltarem para o sudeste, que aqui era o lugar deles e não de 'paulista metido'. Ameaçaram ainda jogar os óculos num outro rapaz que parecia prestar atenção na conversa deles, que isso não era certo, afinal 'tá na constituição' que eles não podem ser tratados assim. Travaram uma conversação em pretenso inglês, algo do tipo “i want crazy”, “i want crazy merrrmo!” e pareceram preocupados quando um deles foi até a cabine do motorista e descobriu que o ônibus estava indo para Bombinhas e não para Florianópolis. Depois disso, esse mesmo voltou algumas vezes à cabine do motorista, não sem esquecer a mochila com mais quatro ou cinco garrafas de vodka que iam batendo uma na outra no percurso, enquanto a bermuda e a cueca do rapaz escorregavam até o pé.

O motorista, por sua vez, provavelmente cansado das visitas do bêbado resolveu parar num ponto qualquer no meio do caminho pra um deles descer. Alvoroço geral entre os outros passageiros quando viram que o bêbado falante permanecia na poltrona. Todos avisaram em coro à ele então que o amigo estava descendo e que ele fosse também, afinal, ‘pra não ficar sozinho’. Desceram, levaram uns quinze minutos retirando as malas, chamaram a atenção das pessoas nas casas da rua e ainda correram atrás do ônibus, assim que este arrancou.

No dia seguinte, quando já acomodadas na nossa casinha e recebendo a visita de Marcinho querido, que estava em outra casa em outra praia, Marcinho, com expressão um tanto cansada, aproveita para desabafar, e nos conta que não estava agüentando mais uns meninos malas que estavam na mesma casa que ele, porque, ...só pra ver o nível da coisa, acredita que cada um deles entornou uma garrafa de vodka na viagem?

As coincidências da vida.

6 comentários:

FER disse...

E ainda tive que ouvir do Marcinho "não, mas os caras até que eram gente boa".
Te contar viu...

CAROLINA disse...

Não.

Vocês estão brincando, né? Pelamor, digam que sim!

Hahahaha, jisuis que essas coisas não acontecem de verdade! Não, já não bastasse toda a saga dos dois companheiros embriagados pelo ônibus afora, com toda essa confusão de vodkas para todos os lados - os quebelos de Ferdi Maria que o digam -, parar o ônibus, chamar os 'hômi', e tudo mais. Vá me dizer que é verdade mesmo que neste ovo deste mundinho eis que as criaturas ficaram justamente no mesmo lugar que o Marcinho?!

Hahahaha, vcs me matam ainda, to avisando. Notem que isso aconteceu nas primeiras horas do feriado e sem vocês nem terem chegado ainda na praia.

Tenho medo do que virá.

Anônimo disse...

Eles cutucaram a vara com a onça curta. Tava na cara que o negócio iria feder.

Anônimo disse...

hahahahahahahahahaha

cara... que eu digo disso? tem que rir...

hahahahahhaha

Essa Ah,é? girls são AS contadoras de história...

beijos

_Maga disse...

Zombie walk... brain hahahahaha

parece que deu pouca gente... quer dizer, poucos zombiesss... vai ver os que o "brain" ainda não havia decomposto resolveram ir fazer outra coisa...

mas afinal... para que um zombie quer um "brain"? (eu queria um pra ter mesmo, sabe? o meu foi comprar cigarro há alguns anos e não voltou mais... as vezes sinto falta dele, apesar de já conseguir pensar com os meus botoes... rs)


beijos

Anônimo disse...

Adorei a última frase do outro post! Perfeita, perfeita!

Pato Fú sempre inovando...

beijos