4 de abril de 2007

Olha só,

Ainda não acabou!

E é questã de honra escrever sobre as peças todas, sabem, já que o Festival além de ser o evento mais aguardado do ano aqui por nosotras, é também a nossa grande recompensa por sermos curitibanas.

A peça que fechou o nosso festival deste ano foi "Porcus (tm)" - maior descoberta do século tinha sido esse comando do Word que deixa as letrinhas sobrescritas, mas para a frustração total da pessoa, aqui, no mundo de html's não foi possível reproduzir a mesma dádiva - do grupo Antropofocus (trade mark) - óia, de novo - de Curitiba:


Depois do ano de 1989, o mundo nunca mais seria o mesmo. Grandes eventos abalaram tudo o que as pessoas tomavam como certo: a queda do muro de Berlim, a criação da World Wide Web, a morte de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, e o lançamento do álbum Like a Prayer, de Madonna. É neste contexto que todos os líderes do mundo se reúnem, antes da noite de Ano Novo, para decidir o futuro do nosso planeta.

O grupo curitibano Antropofocus(tm) foi criado por alunos formados na Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e se apresenta no Festival desde 2000, tendo estreado com as conhecidas peças “Amores & Sacanagens Urbanas” e “Pequenas Caquinhas”, pertencentes ao Fringe. Essas peças retornaram todos os anos, devido ao sucesso de público.

Com o espetáculo "Porcus(tm)", pela primeira vez estréiam nacionalmente no Festival dentro da Mostra Oficial.

A primeira das considerações a ser feita é de que já havíamos assistido à famosa e popular “Amores & Sacanagens Urbanas” no FTC de 2003, e, na época, lembro-me inclusive de ter escrito sobre a peça e de ter achado tudo um pastelão pretensioso, porque tinha sido aquele caso de quando a fama chega antes de qualquer impressão própria que a pessoa possa ter.

Muito diferentemente dessa primeira impressão do grupo, rendo-me ao talento dos rapazes e do diretor Andrei Moscheto, para reconhecer que “Porcus(tm)” marca a maturidade profissional do grupo e consegue fazer comédia com uma história absolutamente louca e inteligente, baseada em fatos e marcos da história e com nítida inspiração em obras de grandes escritores e do grupo inglês de comédia Monty Phyton.

A história parte do último dia do ano de 1989 com os grandes líderes mundiais (Gorbatchev, Bush, Thatcher, Fidel Castro, Papa João Paulo II e, por que não, Collor) reunidos para decidir o melhor, para eles. Com este intuito, decretam a exclusão de todos os indesejáveis, como os países africanos e a Argentina, e de tudo o que for elemento cultural, levando em conta a produção musical da Xuxa.

Passam a viver então nA Superfície, um mundo asséptico, onde as pessoas vivem a base de pílulas da felicidade e se referem umas às outras indistintamente por “Camarada Friend”, enquanto os indesejáveis são enviados todos para o esgoto, o mundo de Porcus. Como canal entre um mundo e outro existe o Grande Ralo.

Como recurso cênico, para os personagens viventes na Superfície são utilizadas fotografias ampliadas de seus próprios rostos como uma máscara em tamanho desproporcional ao corpo e que possui articulação na boca, sendo as vozes gravadas previamente. Algo como isso:



Um integrante da Superfície acaba caindo pelo Grande Ralo e no esgoto é encontrado por dois habitantes de Porcus que imaginam ser ele o "Messias". Daí desenvolve toda a história.

Sacada realmente genial foi a da malfadada Revolução encabeçada pelo integrante da superfície caído em Porcus e mais dois sujeitos dos esgotos ser impedida por uma artimanha de defesa do chefe dos esgotos que foi a de ligar a televisão na frente dos revoltosos quando eles se preparavam para atacar, detalhe, com uma reprise de jogo de futebol Brasil x Argentina.

Obviamente que o jogo os distraiu.

Isso muito me remete à Copa do ano passado ocorrida em meio a todos os escabrosos escândalos de corrupção do governo e que parece ter anestesiado a todos em momento bastante providencial.

Coisas do gênero acontecem aos montes em "Porcus(tm)". Mãs, conter-me-ei e não contarei mais nada. Vão conferir que vale muitíssimo a pena. Pelo que li estão todos aguardando nova temporada da peça pelas próximas semanas e, após, possivelmente eles entrem em turnê pelo Brasil.

Porque os créditos são obrigatórios e nós respeitamos o direito autoral, as fotos são daqui e daqui.

Um comentário:

CAROLINA disse...

Hahahaha, ai ai.

Essa daí variava de assuntos sérios ao mais legítimo nonsense, tanto que chegava a confundir um pueco as mais desavisadas como yo.

Pra ser bem sincera, eu mesma não entendi que a peça tinha chegado ao seu fim, tamanha a misturança de informações.

Tudo mucho loco. Mãs, realmente um sarro e muitíssimo mais maduro e bem produzido que aquela de antes, de uns três ou quatro festivais atrás. O que é bom, muito bom. Só de não regredir já é o máximo, progredindo então, nem se fala.