5 de abril de 2007

Só pra variar um pouquinho,

"Às vezes lhe doía ter deixado com a sua passagem aquele riacho de miséria e às vezes sentia tanta raiva que espetava os dedos nas agulhas, porém mais lhe doía e com mais raiva ficava e mais lhe amargava o fragrante e bichado goiabal de amor que ia arrastando até a morte*."

(Márquez, Gabriel García. Cem Anos de Solidão)

* Tendo sido impossível encontrar uma expressão equivalente em português ao excelente achado literário de Gabriel García Márquez feito sobre um emprego regional (Antilhas, Colômbia e El Salvador) do "guayaba", preferimos manter a imagem acrescida desta nota: a goiaba é uma fruta que bicha com muita freqüência e sem apresentar marcas externas que sirvam de aviso à pessoa que come. A partir daí, da conotação afetiva de frustração que se desenvolveu no seu significado, a palavra passou a ser empregada em sentido figurado nas regiões da América Hispânica que assinalamos, com a denotação de "mentira","embuste". (...)

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